quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Posso dizer aos que já leram ou estão para ler a Livrolândia que o que me deu gozo na criação desta obra foi,  nem tanto o explorar as dimensões psicológicas de um "Senhor dos Anéis" ou do "Viagem ao centro da Terra",  ou do "Os três mosqueteiros" ou mesmo de um "Fernão Capelo Gaivota";  mas sim criar um universo onde estes livros clássicos possam interagir numa narrativa enigmática construída de forma cuidada e bem estruturada. Como se os livros fossem muito mais do que aquilo que está escrito neles; pois ao terem vida própria existe o inesperado decorrente dessa mesma vida. Existe todo um  mundo livresco em aberto que emerge depois das meias-noites, as cidades deles (as Livropólis, como por exemplo a cidade alfarrábica de Al-livrolém onde inumeros enigmas e problemas livrescos existem) eles próprios andam numa busca por algo!... Neste contexto e universo por mim criado, são como que- os mais nobres seres orgânicos de papel (entre outros seres em papel, mas estes menos nobres e que lhes fazem a vida negra- os jornais, as revistas, os livros de bolso, as sebentas... uma série de gentalha de papel)- têm que lutar pela sua própria sobrevivência.  Daí ter dado na obra ênfase ao ambiente social onde eles vivem (os ambientes livrescos) serem mais relevantes do que as suas personalidades (as suas dimensões psicológicas). Um pouco o que se passa connosco, humanos, que cada vez mais para sobrevivermos temos que estar de acordo e em estado de permanente alerta com o ambiente da sociedade, ou somos atacados ou postos "na prateleira". Devido a tal desconfiança fica tantas vezes a nossa essência e o que somos psicologicamente de mais profundo como que esquecido, não manifestado... Um abraço a todos e boas leituras. R. S. C.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Quem somos? Quem são os livros? Providos de vida, serão eles o reflexo dos seus próprios textos, ou procuram igualmente uma identidade fora da prateleira? Perante os ataques da sociedade, que tenta escrever a nossa vida, impor a nossa história, a tal desconfiança assegura apenas a nossa sobrevivência. Esse instinto pode levar-nos a entregar o controlo total da nossa personagem, mas também pode levar-nos à insurreição. À medida que nos insurgimos, as manifestações da nossa essência serão mais livres e abundantes. Nessa altura, saberemos quem somos. Os livros? Com certeza também saberão.

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